21 agosto 2006

Plenitude e Equilíbrio: Sabedoria para a mulher viver bem cada ciclo de sua vida! PARTE 4 - INVERNO



Inverno: do Corpo à Alma

“Se permaneceres no centro

e abraçares a morte com todo teu coração

viverás para sempre.

-Tao Te Ching

Com o envelhecer nos re-contatamos com o círculo da vida, sem começo nem fim e estamos diante da morte do corpo físico. A nossa cultura não nos prepara para este momento e nos vendem sempre a ilusão de poder evitá-lo. Isto nos fragmenta e adoece.

Assim como na natureza, o inverno da vida é o momento de ir às profundezas, de se voltar para o interior, lá onde está a semente da essência, o alimento da vida que, certamente, continua indefinidamente. Não há mais lugar para o apego e a ilusão da matéria, da superfície, do supérfluo. Toda tentativa de confronto com o movimento da energia, de fora para dentro resulta em dor, sofrimento e morte. A falsa morte que está sempre nos ameaçando quando não abraçamos, em vida, a verdadeira morte. Morte que conforme nos ensina a natureza, é vida que permanece, que continua, que se fortalece, se renova e segue adiante.

O corpo já não tolera qualquer agressão à sua essência e é preciso ouvi-lo e respeitá-lo. Alimentar-se só do que é bom e puro, do que nutre as células do corpo sem destruí-las, movimentá-lo em sintonia com sua delicada constituição, flexibilizar pensamentos e mente produzindo um campo de leveza que ajude a alma na sua passagem final. Este é o momento definitivo que, segundo as tradições orientais, estrutura o padrão do novo re-começo que, mais à frente, se apresenta.

No seu livro maravilhoso,”Na Casa da Lua”, (Objetiva, 1995) Jason Elias, um terapeuta norte-americano, resgatando o espírito feminino da cura, diz que:

“A mulher idosa viaja de volta no tempo e no espaço para descobrir seu self mais jovem, a criança segue adiante e elas se encontram no centro onde só existe uma”...

Esta imagem do círculo, onde fim e começo se encontram e da presença de um centro, um ponto eqüidistante onde estamos seguros e plenos, traz paz e serenidade ao meu coração e à minha alma. Talvez seja isto que está aí para ser visto e compreendido por nós, mulheres e homens em busca de felicidade.

10 agosto 2006

Plenitude e Equilíbrio: Sabedoria para a mulher viver bem cada ciclo de sua vida! PARTE 3 - OUTONO



Cíclica como a lua, a mulher vivencia intensamente cada fase de sua vida, transformando-se corpo, mente e espírito em novas e profundas metamorfoses.
Como um círculo sem começo nem fim, as fases do desenvolvimento feminino se assemelham às estações do ano.


O Outono é a Menopausa da Mulher, os 50 anos.


Momento de colher os frutos, o “outono” é o tempo em que a mulher, grávida de si mesma, recolhe o sangue, antes produzido e vertido no processo de gerar outras vidas, para agora nutrir a si mesma, alimentando o corpo que se prepara para alçar vôo em direção à alma. São anos decisivos, de profundas mudanças, quando a plenitude, o bem-estar e a felicidade estão na ordem direta do desapego a tudo que não é essencial.

O novo equilíbrio hormonal indica o fluxo da vida, pois na menopausa, enquanto estão diminuídos os hormônios ovarianos, aumentam os índices dos hormônios da hipófise e são ativados os centros energéticos superiores, facilitando a introspecção, o desenvolvimento do saber intuitivo, a religiosidade, o despertar maior da consciência.

Saber equilibrar os cuidados com o corpo que se fragiliza, com as imensas e novas possibilidades de desenvolvimento no campo da alma, é o grande desafio deste momento.

07 agosto 2006

Plenitude e Equilíbrio: Sabedoria para a mulher viver bem cada ciclo de sua vida! PARTE 2 - VERÃO



Cíclica como a lua, a mulher vivencia intensamente cada fase de sua vida, transformando-se corpo, mente e espírito em novas e profundas metamorfoses.
Como um círculo sem começo nem fim, as fases do desenvolvimento feminino se assemelham às estações do ano.



O Verão representa a fase de maturidade sexual, do casamento e da gravidez.


Assim como a natureza a estação do verão feminino é um longo período em que prepondera o fogo das paixões, a chama do amor, o contato com a dor e a alegria na vida conjugal, as separações, a experiência da gravidez, do parto, da amamentação, os mistérios do ser mulher, amante e do ser mãe.

As flutuações hormonais que a mulher vivencia com sua natureza cíclica lhe permite contatar com toda uma dimensão de aspectos variados do seu ser que lhe surgem como “outras” personalidades a serem identificadas, acolhidas e, se for o caso, transformadas. Além do aspecto purificador biológico da menstruação, percebo que as mutações psíquicas vivenciadas pelas mulheres a cada fase do ciclo menstrual são determinantes no desenvolvimento e amadurecimento do seu ser-humano-mulher.


Novamente a receita é clara: estar atenta e presente, buscar no interior, na essência, os caminhos a seguir, aliar-se às forças do seu ser feminino, criar canais de percepção do que é verdadeiro ao seu redor, despertar o seu “eu-real”, seu “terapeuta-interno” que é sempre, num primeiro momento um “eu-observador amoroso” de você mesma. “No centro sentimos leveza” dizem os sábios e é nos “centrando” que podemos enfrentar e vencer a fragmentação que nos adoece.


Muitas vezes para tudo isto precisamos de ajuda. Ela vem não só através da Medicina e da Psicoterapia, em suas várias vertentes, como também através dos Círculos de Mulheres em torno da questão da Espiritualidade; das Danças Circulares Sagradas; os Grupos de Oração; as atividades artísticas, as filantrópicas e outros encontros.

04 agosto 2006

Plenitude e Equilíbrio: Sabedoria para a mulher viver bem cada ciclo de sua vida! PARTE 1 - PRIMAVERA



Cíclica como a lua, a mulher vivencia intensamente cada fase de sua vida, transformando-se corpo, mente e espírito em novas e profundas metamorfoses.
Como um círculo sem começo nem fim, as fases do desenvolvimento feminino se assemelham às estações do ano.
A primavera é a puberdade, a primeira menstruação, passagem importantíssima de criança para mulher, data muito especial que deve ser honrada e celebrada: ela está se tornando como sua Mãe Terra, capaz de renovar e nutrir vida. Profundas mudanças hormonais em sintonia com o fluir da vida, preparam o corpo da menina-moça para esta grande transformação. O primeiro sangue menstrual assinala que é chegada a hora de se levantar sozinha e dar início ao desafiante processo de descoberta de quem ela é e o que ainda se tornará. É um período tumultuado, agravado pela nossa cultura que desvaloriza e preenche de valores negativos o sangue menstrual que em outras culturas é símbolo de poder, força e vitalidade. A menina/moça/mulher vive períodos geralmente tumultuados, muitas experimentam a dor da não aceitação desta novidade, a vergonha, o “incômodo”, o desconhecimento de si própria, o afastamento do pai, o medo da perda da infância. Muito importante neste momento é a presença da mãe, das avós, a postura amorosa e afirmativa do pai, as conversas com as amigas,a troca de conhecimentos na escola, a consulta com o médico, o terapeuta, atentos e preparados. É preciso proporcionar a esta menina/moça/mulher, um “campo de presença” em que ela possa se permitir vivenciar a dor e a alegria deste momento definitivo e marcante de sua vida.

Os sintomas são geralmente proporcionais ao grau de plenitude e equilíbrio que ela possa experimentar neste momento. Ao sangrar, o útero nos chama pra dentro, para o nosso interior e as cólicas quando presentes, podem ser aliviadas ao aquecermos o nosso ventre, ao nos permitirmos o repouso que o corpo necessita e pede, ao acolhermos nossa natureza feminina e ao honrá-la com reverência.

É antigo e sabidamente eficaz o uso das ervas medicinais - a Fitoterapia, da Homeopatia e da Acupuntura. Auxiliares poderosos são também a Meditação e a Yoga, os círculos de mulheres, as ginásticas terapêuticas, os exercícios físicos orientados, o contato com a natureza, a alimentação leve e saudável. Muitas vezes basta nos tornarmos mais “presentes” no nosso corpo, tomando consciência da respiração, de cada parte e do todo, permitindo um mergulho da mente para o útero, de fora pra dentro. E tudo isto não requer muito tempo ou condições especiais. Este “pit-stop” de consciência corporal pode ser realizado a qualquer momento, em casa ou na sala de aula, no ponto do ônibus, no carro, na rua ou até num shopping movimentado.

A menstruação não é uma sangria inútil, ela é um procedimento natural de purificação do corpo, de morte e renascimento das células, de fortalecimento e preparação do corpo feminino que um dia, mais tarde, vai gerar e nutrir outras vidas.

Antigamente, quando os seres humanos estavam mais próximos e integrados a natureza, as mulheres de uma mesma comunidade, menstruavam ao mesmo tempo e todo o ciclo acompanhava o movimento e os ciclos da lua. Hoje, inúmeros são os movimentos no sentido de resgatar esta proximidade, de restabelecer este fluxo vital e buscando uma re-aproximação com a natureza.

A puberdade traz em si o germe da iniciação sexual, o desejo que agora toma novos rumos, dirigindo-se para o outro, no preparo para a futura vida sexual plena. Toda esta metamorfose biológica é também acompanhada de profundas transformações emocionais e psíquicas. O que temos presenciado, em grande medida, são os transtornos ocasionados pela precocidade, o despreparo, a banalização, a superficialidade do encontro amoroso. Quanto mais referenciadas na família, quanto mais presentes e felizes são os pais, maiores são as possibilidades que as meninas/moças tem de iniciarem sua vida sexual de forma acertiva e plena.