17 abril 2006

O Que Imaginamos Ser a Reencarnação é, Apenas, Memória Genética?”


Dr. Ricardo Di Bernardi
Caracteres anatômicos, isto é, elementos que compõem a aparência física do ser humano, bem como caracteres fisiológicos, ou seja, aqueles que se referem ao funcionamento de órgãos, aparelhos e sistemas biológicos são determinados por herança genética.

Em função dos mais elementares princípios da genética, sabe-se ser possível herdar a cor azul dos olhos do nosso bisavô, ou outro ancestral mais distante mesmo que as gerações subseqüentes ao mesmo não tenham manifestado esta característica.

Os genes (genótipo) que ocasionam uma determinada aparência física ( fenótipo), neste caso cor azul dos olhos, embora estivessem presentes em nosso pai e avô, não expressaram a mencionada característica por terem sido encobertos por genes de característica dominante, olhos castanhos .

Isto significa, em nosso exemplo, que pelo fato do gene olhos castanhos estar também presente no genótipo (conjunto de genes) dos descendentes, o fenótipo azul não se expressou nas duas gerações anteriores, em função do gene azul ser recessivo, isto é, dominado pelo gene castanho.

Sem pretendermos qualquer aprofundamento nas explicações do mecanismo da hereditariedade, fica evidente ser possível herdar peculiaridades anatômicas ou fisiológicas de ancestrais longínquos.

Paralelamente aos caracteres morfológicos e funcionais, cuja herança genética decorre da composição dos genes paternos, estariam também sujeitos a mesma herança os caracteres psicológicos? E, da mesma forma, seria possível herdar o psiquismo de antepassados distantes?

Esta é uma tese que nos apresentam para questionar as recordações de vidas anteriores. Conforme a hipótese da “memória genética”, uma criança ao “imaginar recorda-se de sua vida pregressa” estaria apenas expressando informações, embora reais, arquivadas em seus genes, decorrentes de experiências vividas por seus ancestrais e transmitidas hereditariamente.

A princípio, parece não ser destituído de lógica tal raciocínio, mesmo porque, freqüentemente o processo reencarnatório pode ocorrer na mesma família, e não é raro, na terceira ou quarta geração, ocorrer o renascimento de um indivíduo como bisneto ou tataraneto dele mesmo.

Portanto, as recordações de sua existência passada são, nada mais e nada menos, que a história do seu próprio bisavô. Para os céticos, isto parece reforçar ainda mais a hipótese da memória genética.

A teoria da memória genética teve ampla aceitação por parte de fisiologistas, psicólogos e especialmente psicofisiologistas de formação rigorosamente materialista para os quais caracteres psicológicos são derivados da fisiologia cerebral do homem. Consideram que o sistema nervoso não é apenas a sede da alma, mas própria alma.

Portanto, o espírito com todas as suas manifestações, seria apenas o resultado das complexas reações físico-químicas operadas no cérebro, em resposta aos estímulos externos e internos captados pelos sentidos ou outros meios, e levados àquele órgão via rede nervosa de todo o organismo.

Diversas teorias psicológicas baseadas no comportamento animal, especialmente a psicologia animal, trouxeram grande reforço para tais idéias. A hipótese de herança psíquica, ou memória genética, encontra significativos alicerces no estudo do comportamento de mamíferos, répteis, pássaros e até vermes platelmintos. Certos tipos de comportamento, como o de exibição, meneio de cabeça, incitamento, corte do macho para a fêmea, etc., demonstram sua origem hereditária.

Willian C. Dilger efetuou um interessante estudo sobre o comportamento de periquitos. Conforme pode se observar, nos casos de hibridagem, os indivíduos resultantes do cruzamento herdam as duas formas de comportamento dos pais. Assim, o periquito de “Fisher” tem o hábito de transportar no bico uma tira de fibra vegetal de cada vez, visando construir seu ninho. Ao contrário, o periquito “cara-côr-de-pêssego” carrega várias tiras de cada vez, entre as penas.

Quando um híbrido começa a construir seu ninho pela primeira vez, age de forma completamente confusa, levando as tiras ou palhas ora de uma forma ora de outra. Somente após três anos ele fixa o comportamento de carregar a tira no bico, mas uma vez ou outra, ele tenta colocar as tiras entre as penas. (Dilger, W.C. 1962).

Considera-se que tais caracteres de comportamento representam uma forma de memória ancestral que se fixou definitivamente. É provável que a nossa estrutura cerebral deve nos induzir, mas não determinar, a uma tendência de comportamento e, talvez uma maior ou menor facilidade na apreensão da realidade ou maneira de conduzir o pensamento.

Seriam então os arquétipos de Jung oriundos de experiências ancestrais que arquivar-se-iam nas delicadas estruturas nervosas e posteriormente seriam transmitidas aos descendentes através de genes ao longo de gerações. Esta, portanto, é a tese de memória genética.

No entanto, a tese mencionada estaria estribada em alguma experimentação cientificamente consistente? Para todos nós, estudiosos da Reencarnação, é importante conhecer como os filósofos, psicólogos e muitos pensadores tem debatido este problema.

A possibilidade de memória genética ser capaz de transitar ao longo de várias gerações, para eclodir em forma de recordações simulando lembranças reencarnatórias, tem sido utilizada para justificar muitos casos. Analisemos a questão com a maior neutralidade possível.

J B. Best, em 1963, efetuou interessante trabalho com planárias que são vermes platelmintos. Nesse trabalho, o autor demonstra transmissão aos descendentes dos reflexos adquiridos pelo platelminto, em laboratório. Memória genética? Vejamos.

Conforme diversas outras pesquisas, uma molécula gigante e especial chamada RNA (ácido ribonucleico ) parece ser a responsável pela transmissão e ou registro de memória. Vejamos a curiosa experiência desenvolvida por Wiliian C. Corning, na universidade de Rochester:

Como é do conhecimento daqueles que conhecem zoologia, as planárias quando adequadamente cortadas em fragmentos, regeneram as partes secionadas. Além disto, até fragmentos menores e sem cabeça podem regenerar uma planária completa.

Observou-se que planárias previamente treinadas em laboratórios ao terem partes cortadas, estas partes não só se regeneram completamente como mantém todo o aprendizado. Mas o fantástico foi que se observou na sequência da investigação.

As planárias regeneradas a partir de pequenos pedaços mantinham o aprendizado adquirido enquanto que outras, regeneradas dentro de uma solução aquosa contendo uma enzima que destrói o RNA (ribonuclease), perderam a memória. Portanto, sérios indícios havia de que o RNA poderia ser a molécula transportadora da memória de um aprendizado.

Reforçando ainda mais esta tese, McConnell, Jacobson e a Dra. Bárbara Humphries desenvolverem o seguinte trabalho:

Planárias não treinadas foram alimentadas com fragmentos de outras planárias previamente treinadas, O resultado foi incrível: os vermes não previamente ensinados passaram a adquirir, em grande parte, o condicionamento dos que lhes serviram de alimento. Literalmente, comeram do conhecimento...

Supõe-se que as planárias canibais ao ingerirem as outras que foram treinadas, absorveram o RNA e, como este atua na síntese de proteínas, estocaram o reflexo condicionado adquirido pelos vermes anteriores.

Ratos também foram utilizados em experiências semelhantes por Ungar. Como é notório, estes roedores têm nítida preferência por locais escuros, onde parecem se sentir mais protegidos por predadores. Invertendo esta peculiaridade natural destes animais, Ungar, usando descargas elétricas provocou choques nos mesmos, ensinando-os a temerem o escuro.

Posteriormente, preparou um extrato feito com cérebro desses roedores e aplicou-o, por injeção, ao abdômen de ratos não ensinados. O que sucedeu foi que esses últimos passaram a fugir da escuridão, de maneira semelhante aos primeiros. À medida que se aumentava a dose do extrato injetado, maior o temor a escuridão que apresentavam.

Como vemos, a hipótese da memória genética merece ser analisada com cuidado. Inicialmente, é importante lembrar que o código genético já possui seu mecanismo básico esclarecido. Não é o RNA, a molécula responsável pela transmissão dos caracteres hereditários aos descendentes.

Considera-se suficientemente alicerçada em fatos e amplamente aceita a hipótese de que a informação genética está armazenada em outra molécula gigante: o DNA (ácido desoxiribonucleico). O DNA é a molécula mestra de todas as atividades celulares e a única capaz de se autoduplicar. Um gene corresponde a uma fração de DNA. Através do DNA, e não do RNA, o espermatozóide e o óvulo levam as informações e o código genético de todas as características de um novo ser.

O DNA está localizado no núcleo das células e envia seu comando, ou informações, por uma molécula a ele subordinada que é o RNA. Este último é o mensageiro que conduz ou transporta as determinações do DNA. Razão por isto, enquanto o RNA não se destrói ou não se perde, funciona apenas como um depósito privisório de informação. Além disso, o DNA é quem comanda a síntese ou formação do RNA. Este último é o efeito e não a causa.

Como somente o DNA detém o código genético, as informações adquiridas em função de absorção, ou introdução, de RNA carregadas de informação, não se tornam hereditárias.
Como explicar, no caso das planárias a transmissão do reflexo condicionado às suas descendentes? Isto não é difícil.

Não podemos esquecer que a referida transmissão ocorreu quando a regeneração destes platelmintos se efetuou por seccionamento. Partes que irão gerar outros indivíduos possuem ainda certa quantidade de RNA-mensageiro, portador da informação. Lembrar que as planárias regeneradas em soluções
contendo ribonuclease (enzima destruidora de RNA) não geraram indivíduos portadores dos reflexos. Isto significa que os genes ou DNA do núcleo das células, não sofreu alterações. Em síntese, não houve transmissão genética de memória adquirida, significando, portanto, não ter havido memória genética.

Quanto aos ratinhos que receberam o extrato feito de cérebro de outros ratinhos treinados, não consta, da referida experiência, que seus descendentes nascessem com aversão ou temor a escuridão, ou seja, não houve memória genética.

Hydén e seu colega Joseph T. Commins, apresentaram no Congresso Internacional de Bioquímica, em Moscou, importante trabalho onde, entre outros temas, aborda o problema do papel do RNA no mecanismo da memória. Considera, o cientista, que o desempenho do RNA é muito mais especulativo e é oferecido somente para incentivar uma posterior discussão. Hydén afirma que “A maioria dos neurofisiologistas admitirá que está faltando uma satisfatória explicação para a memória”.

Sem dúvida, caracteres de comportamento herdados geneticamente não são o mesmo que recordações de eventos ou de imagens. Se o mecanismo da memória no que tange ao seu armazenamento pode estar sendo elucidado, parcialmente; sob o ponto de vista psicológico deve ser considerado que, processos de recordação de cenas de vidas passadas ainda não podem ser explicados por memória genética.

Parece, também, duvidoso que a questão da memória pode se limitar pura e simplesmente a questão da estocagem, ao estilo dos computadores, através dos códigos químicos contidos nas moléculas de RNA e DNA de nosso cérebro. Na oportunidade, lembramos que na Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos da América, existem arquivos referentes aos 2000 casos de memória extracerebral estudados por Ian Stevensen.

Necessário é que sejam valorizadas as experiências com planárias e ratos acerca das transferências de aprendizado dos mesmos. Destas experiências, derivar-se-ão outras, importantes para a confecção de modelos teóricos para começarmos a, entender, um pouco mais, o mecanismo da memória. No entanto
cremos que os novos modelos da ciência irão gradativamente, incluindo os fatos bem documentados da memória extracerebral.

Recomendamos para um estudo profundo do tema, a obra do Dr. Hernani Guimarães Andrade, “Reencarnação no Brasil”. Valorosa, também, a citação de Marilyn Ferguson, no editorial do Boletim Brain Mind:
“Nossos cérebros constroem matematicamente a realidade concreta, interpretando freqüências vindas de outra dimensão, um domínio da realidade primária, ordenada e significante que transcende o tempo e o espaço. (...)”

As lembranças de vidas passadas, tão comuns em infantes, não podem ser atribuídas, cientificamente, a genes recebidos de antepassados. Tratam-se de registros energéticos existentes na estrutura extrafísica (espiritual) da própria criança. Registros estes, decorrentes de fatos efetivamente vivenciados em outras encarnações.

A possibilidade de experiências vividas por ancestrais longínquos transitar, sem manifestação, por muitas gerações para aparecer subitamente em uma criança (memória genética) simulando lembranças reencarnatórias, não apresenta nenhuma solidez científica, é apenas uma mera hipótese.

07 abril 2006

INSÔNIA


É cada vez mais comum ouvirmos no consultório a seguinte frase : - Doutor, me receita um remédio pra dormir! Alguns ainda exigem a prescrição de determinados remédios, pois já experimentaram todos e sabem que no caso deles, alguns funcionam melhor.
Vivemos a época das pílulas milagrosas. Compramos milagres em cápsulas, diariamente e nosso limite é o Céu. Lutero teria de encarnar novamente para lançar uma contra reforma!
Deixemos que a ciência oficial trate da insônia, mas seria interessante abordar alguns aspectos do sono do ponto de vista espiritualista.
A llan Kardec, nos diz no Livro dos Espíritos, no capítulo que versa sobre a emancipação da alma, que o espírito nunca está inativo, e aproveita as horas de sono para manter relação direta com o plano espiritual, entrando em contato com espíritos encarnados e desencarnados, e visitando lugares bons ou ruins de acordo com sua evolução, de acordo com o que permite a sua própria energia. Isso explica o motivo pelo qual podemos acordar completamente descansados e inspirados e outros dias acordamos mais cansados do que nos deitamos.
Não é incomum, durante os tratamentos no centro espírita, observarmos que algumas pessoas simplesmente não conseguem dormir porque trazem a casa repleta de espíritos desencarnados que por algum motivo querem prejudicar aquela família, pois é da lei que colhamos hoje o que semeamos ontem. Vemos também que uma das causas frequentes de insônia é o despertar da mediunidade. Durante o entorpecimento natural do sono, quando o espírito começa a se despreender do corpo físico como faz toda noite, esses médiuns novatos começam a ver o ambiente espiritual da casa. Então com medo e receio do desconhecido, recusam-se a dormir, causando problemas enormes para a economia física, e no entanto, seria muito mais fácil estudar e entender o processo mediúnico, se libertando de receios infundados, baseados em crendices.
Se imaginarmos nossa noite de sono como uma viagem a ser empreendida, facilmente compreenderemos que alguns simplemente sabotam seu próprio sono. Qualquer viagem, por menor que seja, exige um preparo mínimo. Verificamos o melhor caminho, a roupa que levamos, o dinheiro, o local onde ficaremos etc..., mas a maioria de nós não consegue nem fazer uma prece antes de dormir. Para alguns não há antídoto melhor para insônia do que iniciar uma prece ou uma leitura edificante. É fatal ! É começar e cair no sono.
Deitamos na cama, nos preparando pra dormir, repletos de problemas, trazendo uma enormidade de situações mal resolvidas, e queremos que nossa noite seja tranquila. Jesus nos diz que onde estiver nosso tesouro, aí se encontrará nosso coração. Como esperar noites tranquilas, acompanhadas pelo nosso anjo da guarda, nosso mentor espiritual, se passamos o dia de forma agitada, ansiosa, intranquila? Com certeza nosso espírito estará junto daqueles e das coisas as quais voltamos nosso sentimento.
Deixemos de ser cristãos de templos, nos preocupando com Jesus somente quando estamos na nossa casa religiosa, e com certeza teremos noites tranquilas, de sono reparador. Refletindo nisso, chegamos a conclusão que dormimos com nosso maior inimigo, nós mesmos.
Os livros de Divaldo Pereira Franco nos relatam inúmeros casos de trabalhadores do bem, encarnados, que aproveitam suas noites de sono na continuação dos trabalhos de ajuda espiritual iniciados durante o dia. Quantos benefícios não colhem esses trabalhadores, aproveitando cada minuto para sua evolução. Cada um encontra o que busca. O que passa o dia acumulando raiva, desentendimentos e stress, com certeza terá uma noite bem diferente daquele que tenta viver em paz consigo mesmo, exercendo sua religiosidade de forma segura.
Pensemos nisso. Paz e luz a todos!