30 junho 2007

Sempre é hora de relembrar o compromisso assumido antes de nascermos!

"E chamando dez servos seus, deu-lhes dez minas e disse-lhes: negociai até que
eu venha." - Jesus. (LUCAS, 19:13.)
Com a precisa madureza do raciocínio, compreenderá o homem que toda a sua
existência é um grande conjunto de negócios espirituais e que a vida, em si, não passa de
ato religioso permanente, com vistas aos deveres divinos que nos prendem a Deus.

(Emmanuel - Chico Xavier - Vinha de Luz - Capítulo 2)

A terapia de regressão a vivências passadas tem mostrado que quando nos preparamos para reencarnar, a complexidade desse momento é um pouco maior do que podemos supor com uma analise superficial.
Mentores amorosos, envolvidos concosco a um longo tempo, e preocupados com o nosso despertar e evoluir rumo ao Pai maior, fazem programações extensas que envolvem a genética, a escolha dos pais, as condições da gestação, predisposição a determinadas doenças, enfim, todo uma série de situações que irão interferir na nossa romagem física.
A grande questão levantada por Emmanuel, no livro Vinha de Luz, psicografado por Chico Xavier é que a nossa ótica de enxergar a vida está completamente invertida.

Somos cristãos de templos. Enquanto estamos no nosso templo religioso, seja o centro ou a Igreja, ali, naquele momento somos cristãos, mas com raríssimas exceções levamos essa postura para o nosso trabalho, para quando o assunto é dinheiro.
Emmanuel cita que o comerciante está em negócios de suprimento e fraternidade, mas em qual empresa, em qual revista especializada em negócios vamos encontrar isso? Claro, a mentalidade está mudando, as pessoas estão cada vez mais sendo o centro das atenções, mas no mundo atual o que é mais valorizado ainda é o sucesso financeiro, a produtividade, encher os bolsos da empresa continua sendo a meta principal.

Nada contra dinheiro, mas qual é o nosso foco? Como nos colocamos em nossos trabalhos?

Os que lidam com a area da saúde são ainda felizardos nessa seara, pois são a cada novo atendimento procurados por pessoas necessitadas de ajuda, ou seja a cada 30 minutos tem uma nova chance de ajuda, mas será que nos nossos consultórios adotamos essa postura espiritualista, ou ainda temos medo de "perder" pacientes que possam discordar da nossa visão?
Vivemos em meio a grande obra do Pai e somos usufrutuários de tudo o que pensamos ser nosso. É como se pegássemos emprestado tudo dos nossos filhos, e eles de nossos netos, numa cadeia que não tem fim. Essa visão, se colocada na prática nos pouparia e muito as coronárias, pois sem dúvida nenhuma o stress, oriundo da preocupação com grana e posses é um fator importante na gênese das doenças cardio-vasculares.

A programação individual e intransferível que foi cuidadosamente planejada para cada um de nós, na maioria das vezes não é respeitada. Por mais que alguns sofram da Síndrome de super-homem ou mulher maravilha e achem que tem de salvar o mundo três vez ao dia, a verdade é que a nossa missão terrena diz respeito a coisas pontuais, a pequenos problemas de relacionamento, de caratér, de convivência harmoniosa com nossas famílias.

Porém, nos desviamos desse caminho, voltando a sustentar antigos padrões de comportamentos que tinhamos no passado, gerando a doença e a dor, que vem ao nosso alcance tentando nos mostrar o caminho de volta, o trieiro que nos leva a estrada principal. Mas nos revoltamos contra a dor, criando um ciclo vicioso que nos prende em bolsões de energia pesada, criando ressonância com o passado, com nossos erros e dúvidas, mágoas e decepções, nos fazendo assumir características dos personagens de vidas transatas, reagindo de forma inadequada a qualquer mínimo problema com as pessoas que convivemos, pois enxergamos neles os inimigos do passado e não os companheiros de hoje.

Tudo isso vai acumulando e trazendo para a ponta física, toda essa problemática mal resolvida de ontem, e se torna sem dúvida nenhuma uma das fontes geradoras das depressões, pânico, transtornos de ansiedade, que por mais pesquisados pelos cientistas modernos, não tem as causas identificadas, pois essas se encontram lá atrás.

Sempre é hora de relembrar o compromisso assumido antes de nascermos! Qual são nossas maiores dificuldades? Porque nos enrolamos em determinadas situações, que às vezes nos acompanham a vida inteira? É hora de mudar. Nossa saúde física, mental e espiritual depende dessa auto-superação, que começa com a aceitação de quem somos de verdade, passa pelo perdão e continua na tentativa diária de mudança verdadeira e profunda.

13 junho 2007

Aborto - O outro lado da moeda.


A doutrina espírita e seus adeptos deflagraram uma campanha a favor da vida em todo o mundo liderada pela associação médico espírita e não há dúvida alguma de que esse é um caminho acertado a ser seguido.
Mas o que eu gostaria de colocar nessa oportunidade diz respeito a uma questão simples e direta. O que faria Jesus se estivesse encarnado hoje, em relação a essa questão?
Sem pretender ser profeta ou querer ter procuração para falar em nome Dele, mas somente imaginemos o mestre entre nós e facilmente veríamos que além de assumir essa campanha com toda a força, faria mais que isso. Ele estaria voltado com todo o seu amor para as mães, pais e aborteiros, envolvidos no doloroso processo de aborto.
Coloco aqui o termo aborteiro, não de forma pejorativa, mas porque envolve classes variadas de profissionais, dentre médicos, enfermeiros, parteiros, charlatões e outros.
E pergunto. Onde estão os centros espíritas que tratam dessas pessoas? Aonde os hospitais espíritas, os movimentos organizados que tratam com dignidade e respeito essas pessoas? Porque não me consta que Jesus, apesar de combater a prostituição, exortando à retidão de caráter, ao amor santificado, tenha condenado alguma prostituta ou algum homem adúltero.
O que vemos na prática médica e também nos centros espíritas é que as mulheres que praticaram o aborto carregam esse fardo a sete chaves como se fosse a maior de todas as vergonhas. Homens então nem se fala. Alguém já ouviu algum homem falar sobre isso: - Minha namorada estava grávida e eu dei dinheiro a ela para abortar, ou a levei a uma clínica...??? Eu particularmente nunca ouvi.
Que fique bem claro que nossa posição é absolutamente contra o aborto. Sem restrições em nenhum caso. Porém, não podemos ser contra quem pensa diferente, e muito menos contra quem por qualquer motivo tenha praticado o aborto. Temos de abrir as portas das casas espíritas, dos consultórios médicos, do coração, para ouvir essas pessoas. Dividir com elas esse fardo absurdo que faz com que mulheres que tenham praticado aborto, tenham uma probabilidade nove vezes maior de suicidar.
Quais os motivos que levam uma mulher a praticar o aborto? Que pensamentos sombrios, que influência espiritual, que situação financeira, emocional? Como julgar? Como avaliar isso? Melhor seria que todos seguíssemos os ensinamentos de Jesus e caminhássemos diretamente para a luz, mas a vida não é assim, somos falhos, fracos e tíbios em nossa evolução espiritual.
Se Jesus estivesse encarnado entre nós, será que ele preferiria a tribuna, o púlpito para dissertar longamente sobre o aborto, discutir sobre o sistema de saúde, sobre convênios... ou estaria trabalhando junto aos sofredores, prevenindo o aborto ou auxiliando quem o praticou?
É obvio que toda discussão sobre o assunto é interessante, agrega valor, mas e o lado cristão da moeda? Nosso dever como cristão é ser a favor da vida, mas acima de tudo é cuidar da vida desses que dividem conosco o palco de provações e alegrias. Restringir nossa atuação a combater o aborto me parece pouco. Enquanto a implantação do reino de Deus no coração das pessoas não se faz, temos de estender nossos pensamentos, atitudes e boa vontade ao atendimento holístico e amoroso dessas pessoas.
Na Comunidade Espírita Ramatís, aonde trabalhamos, há cinco anos participamos de um trabalho mediúnico que ajuda no preparo de crianças que irão reencarnar. É um trabalho feito com desdobramento consciente. Na medida em que fomos aprofundando o estudo começamos a entender que assistíamos a um Hospital extremamente bem preparado para acolher e tratar espíritos desencarnados em situações as mais variadas, e prepará-los para uma nova chance.
Esse trabalho foi denominado pela espiritualidade de Projeto Esperança e Luz. Dentro do Hospital há uma ala que atende exclusivamente espíritos que foram abortados. A descrição dos médiuns videntes deixa claro que o assunto aborto merece o mais cuidadoso carinho e observação, pois o que ocorre com o corpo astral (perispírito) desses espíritos é algo indescritível, e que necessita de muitos cuidados para sua recuperação. Fato interessante é que um percentual importante desses espíritos não conseguiria sobreviver, pois tem na gestação uma oportunidade de reparar as lesões causadas por abusos anteriores, e usam o corpo físico em formação para drenagem dessas energias, tornando-os incompatíveis com a vida, mas infelizmente a mãe e o pai acabam se comprometendo com suas consciências interrompendo a gestação mais cedo que o programado.
Vemos nesse trabalho que um dos fatores que mais prejudica o tratamento é a ligação energética que se mantém entre pais e espírito abortado. Essa ligação nasce na culpa e no remorso dos pais, e muitas vezes é alimentada pelo ódio e pela mágoa do reencarnante. Uma vez assistidos no hospital, muitos desses espíritos são colocados em redomas, como se fossem incubadoras que literalmente os protegem dos eflúvios psíquicos dos pais. Em várias ocasiões o tratamento é feito envolvendo-se os pais, para que libertem os filhos, que os deixem seguir sua vida na espiritualidade, até uma nova chance de volta.
Esse trabalho de conscientização dos pais deve ser feito de forma consciente no nosso plano físico. O ideal seria evitar todos os casos de aborto, mas como no momento isso está longe do nosso alcance, é necessário que saibamos lidar com essas situações, abrindo espaços terapêuticos de cura nesse sentido, seja nos consultórios, postos de saúde, e principalmente nas casas espíritas. Fazer com que os pais entendam a continuação da vida e a urgente necessidade de se desligar energeticamente do problema, sublimando-o pelo amor e não pela dor. Muitas pessoas passam a vida inteira se martirizando inconscientemente, como se a dor fosse o único caminho para resgatar, para quitar o débito contraído e simplesmente não se permitem ser felizes porque um dia praticaram uma atitude infeliz, e carregam como um fardo insuportável e solitário, que não pode ser dividido com ninguém, com medo de ser taxado de assassino ou coisa pior.
É lógico que alguns são tão insensíveis que praticam o aborto de forma repetida, e não estão nenhum pouco preocupados com nada que se relacione a palavra responsabilidade. São crianças espirituais que ainda não entenderam a maravilhosa engrenagem da vida, que atua com amorosidade absoluta em nossa evolução. A esses não nos resta outra coisa senão esperar, e exemplificar o nosso amor e crença na vida. Quando abordo o assunto acima, o faço em relação aqueles que constituem a maioria, os que realizaram o aborto num momento infeliz e passam a vida sem encarar de frente o problema e resolvê-lo.
“Aquele dentre vós que estiver sem pecado, atire a primeira pedra.” “Mulher, onde estão os que te acusaram? Ninguém te condenou?” - Ela respondeu: “Não, Senhor.” Disse-lhe Jesus: “Também eu não te condenarei. Vai-te e de futuro não tornes a pecar.” (S. JOÃO, cap. VIII, vv. 3 a 11.)
A engrenagem mais eficiente que o espiritismo nos dá é o amor. Universal, sem preconceitos, sem julgamentos. Amor responsável que trabalha e edifica. Usemos essa ferramenta em nosso favor e em benefício do próximo, sem confundir ser a favor da vida com ser contra pessoas que com suas atitudes que demosntrem o contrário.