20 julho 2015

Perdão que alivia


O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.
Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.
O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.


O amadurecimento nos leva a repensar atitudes e relevar muitas coisas que eram tidas como extremamente importantes. A intencionalidade por trás dessa atitude pode ser diversa, mas todas as vezes que abrimos mão da mágoa, da tristeza e de lembranças negativas saímos ganhando.
É importante compreender que o perdão não é um sentimento, mas um estado de espírito, uma disposição interna de realizar algo. Mas eu só consigo colocar em prática uma intenção se estou realmente convencido de que essa é a atitude correta a ser feita.
Paulo, na sua carta aos Coríntios fala sobre o amor. O amor é um sentimento. É através desse sentimento que poderemos chegar à conclusão verdadeira  que a melhor atitude para nós mesmos é conseguir perdoar. Enquanto não tivermos essa convicção íntima a energia não flui de maneira adequada e não nos traz a paz e a certeza de que precisamos para tomar as atitudes necessárias.
Mas como tudo na vida, perdoar é um processo. E como todo processo, tem começo, meio e fim e pode ser treinável. Eu posso educar a minha mente, o meu espírito, o meu cérebro a agir de forma a ficar com a melhor parte. Basta entender.
Vamos fazer uma analogia. Imagine a sua memória como uma imensa caixa de brinquedos. Ali tem coisas novas e velhas, boas e ruins, bonitas e feias. O problema é que todas as vezes que meu espírito pensa, para que esse pensamento chegue à minha mente ele precisa passar pela minha caixa de memórias. Então é fácil entender que ele sai do meu espírito de forma pura e cristalina na sua essência, mas ao passar pelo emaranhado de memórias que carregamos ele se "contamina" e chega no cérebro já modificado pelas coisas que guardo, que armazeno em meu interior.
É por isso que todas as religiões dizem que perdoar é o caminho para a leveza interior. Porque se consigo limpar essa caixa, os meus pensamentos passam a alcançar meu cérebro sem tanta coisa pendurada e aí consigo ter mais foco, mais agilidade e mais conexão com o alto.
No processo de perdoar é importante compreender que nossa memória funciona como uma resistência elétrica. Imagine um ferro de passar roupas. Se você o ligar na tomada ele ficará quente. Enquanto ele estiver conectado a tomada, continuará quente. Porém, mesmo que você o desligue e ele permaneça desligado por meses, no instante em que ele for conectado à tomada se aquecerá novamente. Assim é nossa memória e seus conteúdos. Eles não vão desaparecer. Sempre que houver uma conexão as lembranças boas ou ruins vão encher nosso cérebro nos trazendo as mesmas sensações.
É preciso ressignificar, ou seja, dar um significado novo àquela lembrança. Uma das formas de fazer isso é entrar em contato voluntário com a lembrança dentro de um estado meditativo, nos colocando como observadores do processo, abertos para ver a nossa parte e de coração escancarado para entender os porquês do outro.
Jesus nos lembra no evangelho de Mateus que a estrada é estreita mas que o jugo é leve pra quem se dispor a trilhar esse caminho que traz verdade e vida. Nunca vai ser fácil perdoar verdadeiramente. O crescimento espiritual é das tarefas mais difíceis que temos. Mas as consequências de se tomar essas atitudes volitivamente são maravilhosas. A cada conquista uma alegria imensa.
No processo de perdoar comece por você mesmo. Pegue leve. Tudo vai dar certo. Abra mão das listas de defeitos alheios, das listas de frases ditas nas brigas, das lembranças de atitudes tomadas no calor das discussões. Sejamos menos históricos, não precisamos voltar vinte anos atrás sempre que surge um determinado assunto. É tempo de seguir em frente com leveza. 
Paz e luz!